
Doença celíaca é uma enteropatia autoimune que se manifesta na ingestão de glúten. Ela é uma síndrome disabsortiva, ou seja, é como se o corpo se voltasse contra ele mesmo, mais especificamente contra o intestino, deixando a absorção dos nutrientes prejudicada. A doença celíaca é uma patologia multi sistêmica, podendo atacar vários órgãos ou tecidos a depender de cada organismo.
A doença está bem associada a alguns polimorfismos genéticos. Os genes HLA, especificamente os alelos DQ2 e DQ8, representam uma predisposição genética, que associada à ingestão de glúten, pode desencadear a doença.
HLA é o antígeno leucocitário humano, responsável por apresentar peptídeos de dentro e de fora, como os DQs, para o sistema imune.
No caso da doença celíaca, os seus receptores ligam-se aos peptídeos de gliadina e os apresenta para os linfócitos T dando início ao processo de autoimunidade (reação em que o corpo ataca o próprio organismo).
Caso você tenha o polimorfismo, ao ingerir algum alimento contendo glúten, o seu corpo pode gerar uma resposta de rejeição a essa partícula, acarretando uma inflamação local e até a atrofia das vilosidades intestinais.
Existe uma classificação chamada “Marsh” para avaliar o quão atrofiadas estão as vilosidades do intestino após uma pessoa que tem doença celíaca consumir alimento com glúten e ela auxilia bastante no diagnóstico.

Vilosidades são essas projeções do tecido que ajudam a aumentar a área de absorção.
É até fácil de entender, né? Mas essa doença é bem complexa e pode até levar à morte.
Apesar de machucar diretamente o intestino, os prejuízos ocorrem em todo organismo. Afinal, temos uma barreira controlando tudo o que absorvemos, quando ela está danificada podem entrar corpos estranhos e até faltar nutrientes. Imagina só isso refletindo no corpo inteiro?
Por isso os sintomas são os mais variados possíveis!
Doença Celíaca Clássica | Doença Celíaca Atípica |
Diarreia crônica | Ciclo menstrual irregular |
Dor de barriga | Problemas psiquiátricos |
Barriga inchada | Epilepsia |
Humor alterado | Manchas nos dentes |
Perda de apetite | Dor nas articulações |
Anemia | Aftas |
Emagrecimento | Autismo |
Existem também os assintomáticos que não percebem a presença da doença, mas tem os exames alterados.
Caso você não detecte a doença a tempo ou não respeite a dieta, parando completamente a ingestão do glúten, os sintomas podem se agravar e levar ao desenvolvimento de câncer do intestino, leucemia, desnutrição profunda, doenças autoimunes secundárias, hemorragias, entre outros e até mesmo várias ao mesmo tempo, então lembre-se que doença celíaca não é brincadeira!
Diagnóstico
O diagnóstico de DC nem sempre é fácil de ser realizado. Estima-se que apenas 10% da população celíaca possui o diagnóstico fechado, ou seja, 90% dos celíacas sofrem com os sintomas e suas consequências sem conhecer a causa. Existem casos onde há dificuldade de diagnóstico por achados discordantes entre sorologia, clínica e histologia.
Os marcadores utilizados são os anticorpos antiendomísio (EMA), os anticorpos antitransglutaminase tecidual (anti-tTG IgA) e anticorpos antigliadina (AGA IgA) pois são sensíveis e específicos para o diagnóstico inicial de Doença Celíaca. O teste sorológico positivo sugere o diagnóstico de DC, mas a biópsia duodenal ainda é o padrão-ouro.
A Tipagem HLA é o primeiro passo para a investigação de familiares de pacientes com DC. Tipagem HLA exclui um terço dos familiares de primeiro grau e identifica indivíduos para avaliação com biópsia. O exame é indicado também se o indivíduo tem sorologia negativa e recusa-se a realizar a biópsia. O alelo HLA DQ2 é identificado em 90%-95% dos pacientes celíacos e HLA DQ8, na maioria dos restantes. A tipagem HLA também é útil para excluir a doença em pacientes que, inadvertidamente, já estejam em Dieta Sem Glúten ou para os indivíduos nos quais o diagnóstico não está claro.
Tratamento
O único tratamento para a doença celíaca é uma adesão ao longo da vida de uma dieta rigorosamente sem glúten.
Apesar da importância da dieta, segui-la pode ser bastante difícil, por isso é recomendado que o celíaco participe de grupos de apoio e tenha um monitoramento nutricional com um profissional da saúde especializado. Os pacientes devem ler cuidadosamente os rótulos dos alimentos e evitar ingredientes desconhecidos.
A doença celíaca não tratada pode levar a morte.